A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre descontos indevidos em benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) aprovou, nesta terça-feira (26), o plano de trabalho do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

Serão convidados os ex-ministros da Previdência e convocados os ex-presidentes do INSS no período entre 2015 e 2025 – indicados, portanto, pelos governos Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva.

A CPMI também ouvirá:

presidentes de 41 entidades que firmaram acordos de cooperação técnica com o INSS para desconto de mensalidades associativas diretamente na folha de pagamento dos benefícios;
diretores de Benefícios do INSS e presidentes da Dataprev, empresa estatal responsável pelo processamento da folha; e
representantes de órgãos que já investigam os descontos, como a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU).
“Esse recorte busca a segurança jurídica, a proporcionalidade e a celeridade, uma vez que investigações sem limite temporal podem gerar incertezas”, disse Alfredo Gaspar. O plano original dele foi ajustado após um acordo entre parlamentares.

A CPMI terá prazo inicial de 180 dias para concluir os trabalhos, interrompida a contagem do prazo no recesso parlamentar. Segundo Alfredo Gaspar, o relatório deverá ser concluído em março de 2026, a partir de seis eixos de investigação:

mapeamento das irregularidades e como ocorreram;
identificação e responsabilização dos envolvidos;
apuração do total de vítimas e dos impactos no erário;
caminho do dinheiro desviado, visando reparação;
falhas institucionais ou de mecanismos de controle; e
medidas preventivas e alternativas legislativas.
A CPMI do INSS é formada por 16 senadores e 16 deputados, com igual número de suplentes. “Pretendemos realizar um trabalho ao mesmo tempo extenso e ágil”, comentou o presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG).

O deputado Duarte Jr. (PSB-MA) foi eleito vice-presidente nesta quarta-feira (27), em votação simbólica. “Não importa se quem cometeu crimes é da direita ou da esquerda, cabe a nós investigar e garantir a punição”, disse ele.

Depoimentos previstos
Ex-presidentes do INSS relacionados no plano de trabalho:

Lindolfo Neto de Oliveira Sales (2012-2015)
Elisete Berchiol da Silva Iwai (2015-2016)
Leonardo de Melo Gadelha (2016-2017)
Francisco Paulo Soares Lopes (2017-2018)
Edison Antônio Costa Britto Garcia (2018)
Renato Rodrigues Vieira (2019-2020)
Leonardo José Rolim Guimarães (2020-2021)
Guilherme Gastaldello Pinheiro Serrano (2022)
Glauco André Fonseca Wamburg (2023)
Alessandro Antonio Stefanutto (2023-2025)
Ex-ministros da Previdência citados pelo relator Alfredo Gaspar:

Carlos Eduardo Gabas (2010-2011 e 2015)
Carlos Roberto Lupi (2023-2025)
José Carlos Oliveira (2022)
O ex-secretário da Previdência do Ministério da Fazenda na gestão Temer Marcelo Abi-Ramia Caetano e o ex-deputado Onyx Lorenzoni, que foi ministro do Trabalho e Previdência na gestão Bolsonaro, também serão chamados.