O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos/PB), disse nesta sexta-feira (7/2) que discorda da ideia de que houve uma tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro quebraram as sedes dos Três Poderes pedindo um golpe e a destituição de Luiz Inácio Lula da Silva, que havia acabado de tomar posse.
Para o deputado, não houve líder e nem apoio de outras instituições interessadas. “O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições inimaginável. Agora, querer dizer que foi um golpe, golpe tem que ter um líder, tem que ter uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, alegou.
“Ali, foram vândalos, baderneiros que queriam, com a inconformidade das eleições, mostrar sua revolta, achando que aquilo ali iria resolver, talvez, o não prosseguimento do mandato do presidente Lula”, argumentou Motta. Para ele, o fato de as instituições terem dado uma “resposta rápida” e terem continuado seu funcionamento reforçam sua tese.
O grupo de golpistas que destruiu a Esplanada dos Ministérios naquele dia saiu de um acampamento montado no Quartel-General do Exército, em Brasília. Os manifestantes — alguns deles familiares de militares de alta patente do Exército — passaram semanas no local vestidos de verde e amarelo pedindo uma intervenção militar.
À noite, depois que a Polícia Militar já havia retomado o controle da Esplanada e viaturas foram enviadas ao QG do Exército para desmontar o acampamento, militares do Exército fecharam a entrada da área militar com blindados, impedindo a entrada da PM.
A história foi confirmada à comissão parlamentar de inquérito (CPI) dos atos antidemocráticos da Câmara Legislativa pelo coronel Jorge Eduardo Naime Barreto em março de 2023. Ele participou da operação para desmobilizar o acampamento dos golpistas.
“Tinha uma linha de choque do Exército com blindados. E, por mais interessante que parecesse, eles não estavam voltados para o acampamento, eles estavam voltados para a PM, protegendo o acampamento”, disse.
Hugo Motta também defendeu penas mais brandas para os golpistas que tiveram menor participação na quebradeira de 8 de Janeiro. Disse que uma senhora que não quebrou patrimônio público, por exemplo, não deveria receber uma pena de prisão de 17 anos.
O presidente da Câmara tem dito, em entrevistas, que se o projeto que anistia os vândalos do 8/1 for apresentado, será tratado com “responsabilidade” pelo Colégio de Líderes.
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