Ao longo dos três primeiros anos do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a política externa brasileira retomou o protagonismo e voltou a ocupar lugar central na estratégia de desenvolvimento do país, com a reconstrução do diálogo diplomático e a retomada da atuação ativa em fóruns multilaterais. O reposicionamento internacional colocou o Brasil no centro dos debates globais e ampliou sua capacidade de articulação política, econômica e social.
Esse reposicionamento se expressa tanto na presença ativa do presidente em fóruns estratégicos quanto na liderança brasileira em agendas globais sensíveis, como o combate à fome, a reforma da governança internacional, a defesa da democracia e o combate ao extremismo, a transição climática justa, a ampliação do comércio exterior.
FORTALECIMENTO DO SUL GLOBAL — O Brics Brasil consolidou-se como um dos principais eixos da política externa brasileira no período, reforçando a articulação entre países do Sul Global em temas políticos, econômicos e de desenvolvimento. Juntos, os países do grupo concentram parcela significativa da população mundial, do PIB global, da produção de alimentos e da oferta de energia, ampliando o potencial de cooperação entre seus membros.
A atuação do Brics está estruturada em três pilares – Política e Segurança; Economia e Finanças; e Intercâmbio Cultural e da Sociedade Civil – com crescente integração entre governos, setor produtivo e sociedade.
Em 1º de janeiro de 2025, o Brasil assumiu, pela quarta vez, a presidência pro tempore do Brics, sob o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”, dando continuidade à defesa da reforma das instituições multilaterais e ao fortalecimento da voz dos países em desenvolvimento.
Ao longo do ano, a presidência brasileira priorizou a cooperação prática entre os países-membros, com foco em desenvolvimento sustentável, financiamento para o Sul Global, combate às desigualdades e coordenação política. Os países avançaram no diálogo sobre a reforma da governança global, ampliaram a articulação entre ministérios e grupos de trabalho e fortaleceram agendas econômicas, sociais e ambientais.
A atuação brasileira também reforçou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) como instrumento estratégico de financiamento de projetos estruturantes e sustentáveis, além de impulsionar iniciativas em inovação, transição energética e cooperação em saúde, ciência e tecnologia.
“O Brics é um novo jeito de a gente fazer o multilateralismo sobreviver no mundo. A gente não quer mais um mundo tutelado. A gente quer fortalecer o processo democrático, o processo multilateral. A gente quer a paz, o desenvolvimento e a participação social. Se a gente quiser criar alguma coisa nova no mundo, a gente vai ter que criar novos paradigmas de participação e não pode repetir os mesmos erros”, destacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a Cúpula dos Chefes de Estado do Brics, que ocorreu nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.
COMBATE À FOME COMO PRIORIDADE — A centralidade do Sul Global na política externa brasileira também marcou a presidência do G20, exercida pelo Brasil em 2024. O país levou para o centro da agenda econômica internacional o combate à fome e à pobreza, reforçando a dimensão social do desenvolvimento.
Nesse contexto, o Brasil lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal legado da presidência brasileira do G20, inspirada na experiência nacional de políticas públicas de combate às desigualdades. A iniciativa propõe a articulação de governos, organismos internacionais, bancos multilaterais, setor privado e sociedade civil em torno de programas nacionais estruturantes.
Atualmente, a Aliança reúne mais de 200 membros, entre países, organizações internacionais, instituições financeiras, agências da ONU e entidades da sociedade civil. Um ano após o lançamento, já apresenta resultados concretos, com países anunciando planos nacionais apoiados por ampla rede de parceiros internacionais.
“Precisamos de mecanismos mais sistemáticos para integrar melhor o apoio entre os muitos membros da Aliança, sobretudo o financeiro”, avaliou. “Por isso, em 2026, em linha com as iniciativas lançadas na Plataforma de Ação de Sevilha, iniciaremos conversas sobre um mecanismo voluntário de alinhamento de financiamento”, anunciou o ministro Wellington Dias.
O ministro pontuou ainda que, em 2026, o Mecanismo de Apoio alcançará capacidade operacional plena e que qualquer país-membro da Aliança poderá solicitar apoio em um processo totalmente guiado pela demanda. “Sigamos em frente, com esperança, com urgência, e com a determinação de não deixar ninguém para trás”, disse Dias.






