Em meio a dificuldades financeiras, os Correios apressam-se para levantar ao menos R$ 10 bilhões em 15 dias. Os recursos são indispensáveis para balancear as contas e restaurar a capacidade operacional, a fim de evitar um cenário que pode se tornar ainda mais desastroso. A expectativa da direção da estatal é obter o montante por meio de um empréstimo, com aval da União, até o final do mês.

O valor corresponde à metade dos R$ 20 bilhões que a empresa pública pretendia inicialmente, mas foi obrigada a rever a estratégia diante do alto custo exigido pelos bancos na primeira rodada de tratativas da companhia, comandada por Emmanoel Rondon.

A liberação do empréstimo também é essencial para colocar em prática as iniciativas de ajuste das despesas dos Correios. O principal foco é a redução de gastos com pessoal. A proposta é lançar um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para atingir 10 mil empregados. Isso, entretanto, tem um custo.

No último PDV, de um contingente potencial de 8 mil trabalhadores que demonstraram interesse em se desligar da estatal, apenas 3,6 mil formalizaram a adesão.

A avaliação da atual diretoria é que, desta vez, será preciso oferecer condições capazes de atingir a meta de 10 mil desligamentos. A intenção é convencer esses colaboradores de que será vantajoso deixar a empresa por meio do PDV. A meta é diminuir a folha salarial em R$ 2 bilhões por ano.

O objetivo agora é obter o máximo de recursos emprestados, mas com custo financeiro de até 120% do CDI (indexado à taxa Selic), limite normalmente aceito em operações com garantia federal. A estatal enviou a proposta a um grupo de cerca de dez bancos e aguarda resposta até o fim do mês.

Com a redução do valor solicitado, a empresa espera ampliar a oferta de crédito, incluindo, inclusive, instituições financeiras de menor porte nas tratativas.

Na primeira rodada, a taxa cobrada pelos bancos BTG Pactual, Citibank, ABC Brasil e Banco do Brasil foi considerada excessivamente alta para uma operação que seria garantida pelo Tesouro Nacional — isto é, se a estatal não quitar o débito, a União assume o pagamento. O risco para os bancos, na prática, é nulo. Procuradas, as instituições não comentaram o tema.

Entenda o fio da meada da crise da companhia
Queda contínua nas receitas, aumento das despesas e perda de eficiência vêm deteriorando o caixa da estatal.

Com dificuldades para fechar as contas, a empresa foi ao mercado em busca de um empréstimo de R$ 20 bilhões.

O alto custo da captação e a dificuldade de cumprir as garantias exigidas travaram as negociações.

A companhia agora procura uma nova saída e iniciou uma segunda rodada de tratativas. O objetivo é arrecadar R$ 10 bilhões em um prazo de 15 dias para honrar os pagamentos previstos.

Porém, há outros problemas no horizonte. Em uma operação de crédito anterior, a estatal descumpriu uma cláusula contratual, e os juros foram elevados.

Um aditivo firmado em condições menos favoráveis acrescentou R$ 40,5 milhões às despesas, e a empresa corre risco de ter recursos bloqueados já a partir de amanhã.

 

Informações do Globo