Investir no diálogo e na cooperação para tentar reverter ou minimizar os impactos provocados pelas tarifas adicionais de importação que foram impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. Essa é a intenção da missão empresarial organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que tem entre os seus integrantes o presidente da Associação Nordeste Forte e da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEPB), Cassiano Pereira.

Liderada pelo presidente da CNI, Ricardo Alban, a comitiva de 130 participantes conta com empresários, representantes de associações setoriais e dirigentes de oito federações estaduais da indústria, que durante dois dias cumprirão extensa agenda em Washington, capital norte-americana.

O primeiro desses compromissos foi a reunião com a embaixadora do Brasil nos Estados Unidos, Maria Luiza Viotti. O objetivo do encontro foi discutir possíveis frentes de atuação do setor privado brasileiro nas negociações que buscam reverter as tarifas impostas pelo governo norte-americano a uma série de produtos brasileiros.

Também em Washington, a comitiva liderada pela CNI participou de reunião no US Chamber of Commerce (Câmara de Comércio dos Estados Unidos), com o intuito de buscar o apoio e a parceria de empresas norte-americanas. Na ocasião, foram abordadas as pautas defendidas pelo setor privado para ampliar a parceria econômica existente entre os dois países, bem como estratégias que possam minimizar os impactos das tarifas impostas pelo governo dos EUA.

“Essa missão estratégica organizada pela CNI abre caminhos reais para que os empresários brasileiros possam ser, de fato, ouvidos nesse processo, que precisa ter o diálogo como principal ferramenta de negociação. A nossa intenção, enquanto representantes da indústria, é fornecer argumentos e evidências técnicas de que as tarifas são prejudiciais para os dois países, sendo mais viável o caminho da cooperação entre duas nações que possuem economias complementares”, argumentou Cassiano Pereira.

Ainda destacando a proatividade do setor industrial brasileiro, ao se colocar como parte ativa e técnica desse processo de negociação, Cassiano Pereira também ressaltou a pluralidade que foi adotada pela CNI para a composição da comitiva.

“Ao representar, por meio da Nordeste Forte, todas as federações de indústrias da nossa região, considero fundamental que a indústria regional tenha voz ativa nessa missão empresarial. Estamos todos unidos e empenhados em conquistar resultados exitosos para o Brasil, mas, para isso, também é fundamental que possamos explicar as particularidades de cada região e de cada estado, de modo que as negociações tragam benefícios para todos”, acrescentou Cassiano Pereira.

De olho na agenda!

Outra agenda de destaque, já nesta quarta-feira (3), será a audiência pública no Escritório de Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR), ocasião em que a CNI será representada pelo embaixador Roberto Azevêdo. A audiência trata do processo aberto pelo USTR, com base na Lei de Comércio de 1974, que permite investigar se políticas ou práticas de outros países são injustas, discriminatórias ou restritivas ao comércio norte-americano.

No caso do Brasil, a investigação foi aberta em julho e a CNI, enquanto representante oficial da indústria brasileira, apresentou posicionamento técnico argumentando que o país não aplica práticas desleais ou discriminatórias que prejudiquem a competitividade das empresas norte-americanas. Portanto, segundo a Confederação, as preocupações identificadas pelo USTR não justificam as medidas restritivas ao comércio entre os dois países.

Além dessa audiência, a missão empresarial da CNI segue com programação extensa até esta quinta-feira (4). A agenda destes dois dias inclui novas reuniões com empresários e parlamentares norte-americanos, encontros bilaterais com instituições parceiras, além de uma plenária com a participação de representantes do setor público e privado dos dois países.