Há cerca de trinta anos, Cássio Cunha Lima era mais que um político: era um verdadeiro fenômeno de popularidade. Em uma época sem redes sociais, ele conseguia reunir multidões nas ruas, transformar comícios em espetáculos e provocar uma admiração quase mítica por onde passava. Carismático, irreverente, culto e profundamente conectado à alma paraibana, Cássio protagonizou um dos capítulos mais marcantes da política regional.

Filho do poeta e ex-governador Ronaldo Cunha Lima, Cássio herdou não só o sobrenome, mas o dom da palavra, a sensibilidade política e o gosto genuíno pelo povo. Sua trajetória começou cedo: foi deputado constituinte, prefeito de Campina Grande, governador da Paraíba e senador da República. Em seus tempos áureos, chegou a ter fã-clube, algo impensável para a maioria dos políticos da época — mas natural para quem, como ele, transitava com desenvoltura entre a política e o afeto popular.

Cássio tinha algo raro: o timing preciso, a oratória arrebatadora e um poder de articulação que encantava até os adversários. Mas talvez seu maior trunfo fosse o jeito de ser — o gosto real pelas pessoas, o abraço fácil, a conversa franca, o sorriso acessível. Era um político que gostava de gente. E por isso era mais querido que os demais.

Hoje, distante da cena política, vive em Brasília, onde fundou uma empresa de consultoria. Mas o que teria sido de Cássio se, nos tempos de sua maior ascensão, as redes sociais já ditassem o ritmo da comunicação? Imagine seus discursos viralizando no TikTok, suas entrevistas ao vivo com recordes de engajamento, seus trechos mais marcantes transformados em reels, cortes, memes e legendas compartilhadas por milhões.

Sem dúvida, seria um dos políticos com maior alcance digital do país. Porque Cássio não era apenas de palanque: era de presença. Era de povo. E isso, hoje, continua sendo o que mais engaja.

Por Joyce Moura mossoroense, potiguar, nordestina, jornalista (UEPB), especialista em marketing político e eleitoral e assessoria de imprensa. Atua na área de comunicação política há quase 20 anos e ama o que faz — especialmente por entender que, no marketing político, assim como na política, é preciso gostar de gente.