O Ministério Público da Paraíba (MPPB), através do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECO), apresentou uma nova denúncia contra o padre Egídio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé. A nova denúncia, a sexta, por lavagem de dinheiro, envolve um suposto esquema de devolução de recursos que eram destinados a programas sociais, através do instituto Padre Zé. O detalhe é que o dinheiro era devolvido para ex-diretores do hospital, especialmente Egídio de Carvalho Neto.

Foram denunciados também uma ex-diretora do hospital, Amanda Duarte, e outras cinco pessoas, empresários, que atuavam no mesmo grupo ganhando os contratos para o fornecimento de alimentações no programa Prato Cheio, que era executado pelo Instituto Padre Zé, e depois, segundo a denúncia do MP, devolvendo grande parte dos recursos para os ex-diretores do hospital.

Os empresários denunciados nessa sexta ação foram Kildenn Tadeu Morais de Lucena, Sebastião Nunes de Lucena, Sebastião Nunes de Lucena Júnior, Mariana Inês de Lucena Mamede e Maria Cassilva da Silva.

Os empresários seriam donos ou administradores de empresas contratadas pelo Instituto São José – pertencentes a um mesmo núcleo familiar – para o fornecimento de alimentação no programa Prato Cheio, através de um Termo de Colaboração com o Governo do Estado, que tinha como objetivo atender moradores de ruas em cidades da Paraíba, entre elas João Pessoa e Campina Grande.

A investigação apontam que as empresas recebiam valores superestimados e devolveriam parte dos recursos. Os indícios da prática foram encontrados em anotações apreendidas no Padre Zé.

As devoluções eram feitas em espécie, ou através de transferências bancárias destinadas ao pagamento de bens adquiridos supostamente pelo padre Egídio de Carvalho.

“O modus operandi adotado pela Organização Criminosa era similar em todas as relações comerciais entabuladas pelo ISJ/HPZ, que se inicia com a escolha dos fornecedores e a pactuação das propinas devidas, concentrando o fornecimento em um grupo único de empresas (Notas Fiscais possuem numeração praticamente sequencial, indicando “cliente” único); com atestados fraudulentos de recebimento de insumos e serviços; atestados de prestação de contas de fornecimento de refeições mediante relatórios descritivos sumários, sem evidências de atendimento a pessoas cadastradas, contendo como entregues quantidade de refeições FANTASIOSA, apenas para buscar “confirmar” aquilo previsto nos Termos de Colaboração pactuados com Secretaria de Desenvolvimento Humano”, afirmam os promotores no documento.

Até 2023 o Instituto Padre Zé recebeu R$ 21 milhões de repasses do governo do Estado para o fornecimento dessas alimentações. Desse montante, R$ 18 milhões foram parar nos contratos firmados com essas empresas contratadas para executar esse programa social.

A partir do que foi apurado pelo MP, se identificou nas anotações feitas por Amanda Duarte, que foram apreendidas no decorrer das investigações, assim como em transações bancárias rastreadas, se identificou que os recursos chegavam para as empresas e elas devolviam parte deles para o Padre Egídio ou pagavam parcelas ou imóveis comprados por padre Egídio junto a construtoras.

“Foram identificadas transferências de recursos das empresas/pessoas vinculadas à KILDENN TADEU para construtoras indicadas por EGIDIO DE CARVALHO NETO, como forma de (ocultado o real proprietário dos valores) adimplir parcelas inerentes a imóveis comprados de fato pelo investigado EGIDIO NETO, como percebido quanto às transações com a SOUSA JR CONSTRUTORA LTDA”, afirma o Gaeco.