Um grande evento movimentou “a escola Iraci Rodrigues”, da cidade de Mogeiro, na manhã desta sexta-feira, 21. Os alunos, professores e o público que visitaram o educandário tiveram a oportunidade de assistir a uma palestra ministrada pelo filósofo e jornalista italiano Alberto Banal e pelo professor Dr. Ariosvalber Oliveira, membro do Movimento Negro de Campina Grande-PB, mediada por Raissa Santos, liderança jovem do Quilombo Matão, em comemoração pelo Dia da Consciência Negra, comemorado na última quinta-feira, 20.
Fora a palestra, houve a feira de ciência da Escola, apresentando projetos inovadores na área de tecnologia e de soluções para os pequenos agricultores, o evento ainda contou com a participação do poeta cordelista, comunicador e advogado Aziel Lima.
Entre os projetos destacam-se a criação de um suplemento alimentar a base de palma, farelo de milho, sal e outros compostos, oferecendo uma boa alimentação para os animais a baixo custo. O projeto é orientado pelo professor Linaldo Oliveira, mestre em Ciências biológicas, recentemente medalhista em São Paulo, pelas pesquisas que vêm realizando juntamente com seus alunos. “Meus alunos já possuíam o conhecimento prático em suas comunidades, eles só não sabiam que o projeto servia de base para o conhecimento científico, a partir do momento que eles começaram a conectar os conteúdos da escola, com a experimentação da vivência diária, passaram a entender como funciona a ciência”, argumentou Linaldo Oliveira.
Palestrante sobre o Dia da Consciência Negra, o filósofo, jornalista e escritor italiano Alberto Banal, autor do livro Quilombos da Paraíba- a Realidade de Hoje e os Desafios para o Futuro, disse que começou o contato com as comunidades quilombolas paraibanas, através de um missionário do seu país, o padre Luiz. Ele relatou que quando chegou não conhecia nada sobre a realidade desses povos e hoje, além de livros e artigos escritos, desenvolve outros projetos como o OloduMatão, de percussão e danças afrobrasileiras. O pesquisador italiano destacou que os 19 anos de sua aposentadoria, dedicados aos quilombolas foram os mais ricos e proveitosos de sua vida.
Como um dos organizadores do evento comemorativo, o professor João Tavares Neto, disse que o povo quilombola que ontem era esquecido e invisível, hoje começa a ser visível, inclusive pela mídia nacional, visto que, neste ano uma equipe do Canal Futura, Fundação Roberto Marinho, além dos tantos trabalhos, ligados diretamente ao viés linguístico e tecnológicos, o projeto étnico, intitulado do Quilombo à Escola que reafirma resistência e a rica cultura de um povo que aos poucos começa a ser protagonista de sua nova construção histórica. João Tavares Neto abordou ainda a tarefa prática do dia a dia que cumprem os quilombolas. A título de exemplo citou a quilombola, Maria do Livramento que cuida da casa, da horta, nova modalidade de produção, no quilombo, e das artes, a partir da costura, vagonite e tantas heranças advindas da Africa e da época em que, vergonhosamente, a escravidão fora a instituição mais lucrativa com a compra, venda, troca e até doações dos homens e mulheres escravizados por mais de três séculos.
A secretária de Educação de Mogeiro, Maria de Fátima Silveira, destacou que a Escola Iraci Rodrigues é uma escola viva, no sentido da pesquisa e dos eventos, ela mencionou que Mogeiro é destaque na educação, sobretudo na educação infantil, onde no ano passado o município recebeu o selo ouro do Governo Federal, já neste ano, os indicadores levantados até agora, mostram que 60% das crianças está alfabetizada na idade correta, superando a meta estadual e nacional. A professora também destacou a dedicação e celeridade com que a equipe foi capaz de montar toda aquela estrutura tecnológica, cultural e de expressões linguísticas.
“O trabalho plural tirado da teoria e aplicado à prática num dia como hoje, só mostra que nossa equipe faz de suas salas de aula um laboratório e de seus alunos e alunas verdadeiros pesquisadores e pesquisadoras”, analisou Fátima Silveira.






