O líder da bancada governista na Câmara Municipal de Campina Grande, vereador Alexandre do Sindicato, voltou a subir o tom contra a Cagepa durante a sessão desta terça-feira, 18, cobrando rigor, revisão contratual e responsabilização pela sucessão de falhas que, segundo ele, já ultrapassaram o limite do aceitável para a população campinense. Em um discurso duro e contínuo, o parlamentar lembrou que, ainda em 2020, posicionou-se contra a renovação do contrato da empresa com o município, renovação feita sem licitação, e afirmou que aquele processo foi conduzido de maneira precipitada, sem transparência e sem preocupação real com a qualidade do serviço prestado.

Para Alexandre, a cidade paga hoje o preço de uma decisão que desconsiderou o histórico de problemas da estatal. Em sua fala, o vereador destacou que Campina Grande convive com uma série de consequências diretas da má gestão da companhia, citando como exemplo recente a destruição parcial de trechos da Avenida Floriano Peixoto após obras realizadas no último fim de semana.

No Jardim Tavares, segundo ele, moradores chegaram a passar duas semanas sem abastecimento depois do rompimento do reservatório R9, enquanto outros bairros já ultrapassam cinquenta dias sem uma gota de água nas torneiras. Para Alexandre, nenhum desses episódios pode mais ser tratado como fato isolado. “Campina Grande não tem identidade com a Cagepa”, disse, ao afirmar que o serviço oferecido pela empresa é “deficitário” e não responde às necessidades da população.

O líder governista reforçou que suas críticas não são direcionadas aos funcionários, mas ao modelo adotado pela estatal e à incapacidade de entregar um serviço eficiente. Disse, inclusive, que ouve reclamações desde a sua infância e que nada mudou ao longo dos anos.

Ele criticou também a contrapartida paga pela empresa ao município, cerca de R$ 300 mil mensais, classificando o valor como irrisório diante do volume de arrecadação feito na cidade e da precariedade do serviço entregue.

A situação da drenagem no bairro do Centenário também foi citada como exemplo grave de falhas envolvendo a Cagepa. Alexandre relatou ter recebido informações de engenheiros e do próprio secretário de Obras, Joab Machado, indicando que parte da rede de águas pluviais foi danificada em decorrência das intervenções realizadas pela empresa. Ele alertou para o risco iminente de problemas estruturais em vias importantes, como Floriano Peixoto, Duque de Caxias, as imediações do Hospital Antônio Targino, especialmente com a chegada do período chuvoso. Segundo o vereador, se a drenagem não for revista e desobstruída até março, Campina Grande poderá enfrentar novos transtornos de grande porte.

Ao comentar o rompimento do reservatório R5, que deixou centenas de famílias desabrigadas e provocou a morte de uma moradora que não conseguiu pedir socorro, Alexandre afirmou que o caso não pode ser encerrado com simples indenizações. Para ele, o governo do Estado tenta “colocar panos quentes” sobre o episódio, mas a Câmara tem o dever de ir a fundo e garantir que responsabilidades técnicas e administrativas sejam apuradas.

Nesse sentido, o vereador confirmou que encaminhou três requerimentos considerados essenciais para esclarecer a situação: o envio de todas as ARITs que é o documento que legitima o engenheiro que fez as revisões dos últimos cinco anos referentes às vistorias nos reservatórios; a relação completa dos servidores que atuaram no R5 no mesmo período, incluindo quem estava de plantão no dia do rompimento; e a confirmação, junto ao CREA-PB, dos engenheiros que assumiram responsabilidade técnica pelas estruturas da Cagepa em Campina. Ele reiterou que a empresa tem obrigação legal de fornecer as informações, já que mantém contrato vigente com a Prefeitura e presta serviço público ao município.

Alexandre também reagiu ao comportamento da bancada de oposição durante a sessão. Segundo o vereador, o plenário foi “estranhamente esvaziado” no momento em que o tema começou a ser debatido. Para ele, o silêncio e a ausência dos parlamentares ligados ao governo estadual demonstram constrangimento diante da gravidade da situação e da falta de explicações convincentes por parte da Cagepa.

Mesmo com o período de recesso se aproximando, o líder governista afirmou que já está solicitada uma audiência pública para aprofundar o debate sobre a crise no abastecimento e sobre as responsabilidades da estatal. Ele garantiu que a Câmara não permitirá que o rompimento do R5 e demais problemas caiam no esquecimento e que continuará cobrando respostas, fiscalização e revisão urgente do contrato de concessão.

Segundo Alexandre do Sindicato, Campina Grande não pode continuar convivendo com o que ele classificou como um serviço “de péssima qualidade”, marcado por danos estruturais, bairros inteiros sem água, obras mal executadas e falta de transparência. Para ele, o município precisa rever imediatamente o modelo adotado, antes que novos episódios de risco e prejuízo à população se repitam.