Campina Grande recebeu, nesta terça-feira (9), uma visita técnica realizada por representantes do Tribunal de Contas da União (TCU), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Ministério dos Transportes e Ferrovia Transnordestina Logística (FTL). Ao todo, cerca de 20 pessoas participaram da visita técnica.

A agenda faz parte do processo de análise para a renovação da concessão ferroviária e inclui a cidade por conta do projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O TCU vem conduzindo, junto a outros órgãos, um processo de consenso em torno da renovação da concessão ferroviária da FTL, que prevê investimentos e melhorias estruturais.

Durante a visita técnica realizada em Campina Grande, o diretor do Tribunal de Contas da União, Maurício Wanderley, ressaltou que a vistoria integra a etapa de avaliação para extensão da concessão da FTL. Segundo ele, a presença da equipe tem como objetivo compreender de perto a situação atual da empresa, etapa essencial para avaliar a viabilidade dos investimentos propostos e assegurar que eles atendam às necessidades identificadas.

“A FTL está negociando uma prorrogação na concessão dela, que faz parte do que está sendo discutido, esse investimento aqui em Campina Grande. [O objetivo da vistoria] conhecer, porque isso depois vai virar números e a gente vai analisar, numa fase posterior, mas hoje o interesse aqui é conhecer. Estamos conhecendo a situação exatamente qual é, como é que está. A gente precisa saber como é que está para ver se o investimento que eles estão propondo é suficiente”, destacou Maurício.

Campina Grande foi escolhida como um dos pontos de parada da equipe técnica em razão da relevância do projeto do VLT, considerado estratégico para a mobilidade urbana e integração regional.

O secretário de Obras de Campina Grande, Joab Machado, destacou que essa etapa é fundamental para consolidar o processo de revitalização, garantindo visitas técnicas regulares e o acompanhamento direto das instituições envolvidas.

“Nesse início, nós temos um apoio do governo federal, do Tribunal de Contas da União e um acompanhamento da Prefeitura de Campina Grande para fazer a avaliação, toda a prestação de contas e acompanhamento físico das obras de revitalização da linha férrea do VLT de Campina Grande dentro desse trecho urbano. Hoje, é muito importante para consolidar o início dessas revitalizações, dessas visitas e do acompanhamento por parte do governo federal e da Prefeitura”, disse Joab Machado.

Ismael Trinks, diretor de relações governamentais da Transnordestina, explicou que o projeto do VLT em Campina Grande representa uma iniciativa inédita no país, capaz de gerar impacto social direto e transformar a cidade, ao mesmo tempo em que exige definição clara sobre responsabilidades entre concessionária e Prefeitura, além de ajustes no contrato de concessão.

“Basicamente, a gente está analisando esse empreendimento específico, primeiro porque ele está em obras e porque é extremamente importante. É uma ação disruptiva com benefício social direto para a população. Enfim, a intenção de se fazer um VLT, algo bastante, digamos, novo no país ainda, vai mudar a cara da cidade. E aí todos esses órgãos resolveram vir aqui para dar uma olhada para ver como isso vai compor o nosso contrato de concessão, como é que fica isso, como é que vai ser amortizado, reequilibrado do ponto de vista orçamentário. Enfim, o que vai ficar de responsabilidade da concessionária, da Prefeitura, e mais para conhecer e tirar algumas dúvidas técnicas. A concessionária se propôs a recuperar toda a via permanente, deixá-la extremamente moderna, eficiente, de laje de concreto, lastro de brita, fixação elástica, trilho TR45, um trilho muito bom, então vai proporcionar um conforto de via para a população, segurança e necessariamente você vai ter que ter estações de passageiros. Aproveitar esse patrimônio histórico, fazer algo diferente”, comentou Ismael.

Durante o turno da manhã desta terça (9), os representantes percorreram o traçado atual da ferrovia, que deverá ser utilizado pelo VLT, observando as condições da via e discutindo etapas futuras do projeto.

A inclusão de Campina Grande nessa agenda nacional reforça a importância da cidade dentro do processo de concessão e destaca o VLT como prioridade de investimento em mobilidade. Ismael Trinks ressaltou que a continuidade e o ritmo das obras do VLT em Campina Grande estão diretamente ligados à prorrogação do contrato de concessão, etapa considerada essencial para viabilizar o investimento e garantir a execução plena do projeto.

“Uma das etapas posteriores é a gente de fato prorrogar o nosso contrato de concessão e ele é extremamente importante para que a gente consiga amortizar esse investimento aqui no prazo necessário, então o próximo passo é, obviamente, continuar com as obras; se a gente conseguir ter êxito na nossa prorrogação de contrato, com certeza ela vai ser acelerada. É importante lembrar que a parte da concessionária é a via permanente, a Prefeitura vai adquirir o material rodante, os carros de passageiro e as estações de passageiro logo na sequência”, disse Ismael.

A visita técnica é considerada uma etapa fundamental dentro do processo de consenso conduzido pelo TCU, que tem avançado positivamente e pode resultar em investimentos diretos na malha ferroviária de Campina Grande.

O projeto de implantação do VLT em Campina Grande prevê a modernização de mais de 15 km da linha férrea, interligando o bairro do Araxá ao Aluízio Campos, com a implantação de estações ao longo do percurso. A iniciativa busca conectar áreas comerciais, hospitais e unidades de ensino, beneficiando diretamente cerca de 100 mil pessoas e ampliando as opções de mobilidade urbana em Campina Grande, em complemento ao sistema de transporte coletivo já existente.