Autoridades atualizaram para 44 o número de mortos em um incêndio de grandes proporções que atingiu múltiplos edifícios de um complexo residencial no distrito de Tai Po, no norte de Hong Kong, nesta quarta-feira (26). Quase 300 pessoas ainda estão desaparecidas. Investigadores ainda não sabem dizer como o fogo começou.
Três suspeitos foram presos por negligência. São dois diretores e um consultor de uma empresa responsável pela reforma no condomínio, de oito prédios.
A polícia informou ter encontrado placas de poliestireno bloqueando as janelas, e suspeita que elas, e os andaimes de bambu usados na obra, contribuíram para que as chamas se espalhassem tão rapidamente.
Por causa do incêndio, escolas vão ficar fechadas pelo menos até amanhã, e autoridades suspenderam todos os eventos de campanha para as eleições locais, previstas para 7 de dezembro.
O fogo começou há 16 horas e ainda não foi extinto. 800 homens do corpo de bombeiros ainda estão mobilizados no combate às chamas.
“Não sei onde vou dormir”, relata morador
O Wang Fuk Court é um grande complexo de habitação subsidiada pelo governo, ocupado desde 1983 e localizado no movimentado distrito suburbano de Tai Po, uma das áreas mais densamente povoadas do mundo.
Um morador, Harry Cheung, de 66 anos, que vive há mais de 40 anos em um dos blocos, relatou ter ouvido “um barulho muito alto por volta das 14h45” (06h45 GMT). Ao ver o incêndio começar em um bloco vizinho, disse ter voltado imediatamente para casa para “arrumar suas coisas”.
“Eu nem sei como me sinto agora. Estou apenas pensando em onde vou dormir esta noite, porque provavelmente não poderei voltar para casa”.
A dor do desamparo foi compartilhada por outro residente, identificado como Wong, de 71 anos, que foi visto chorando e soluçando, afirmando que sua esposa estava presa em um dos edifícios. Nas proximidades, várias pessoas observavam o desastre de uma passarela elevada, tirando fotos com visível desânimo.
Andaimes de bambu e obras dificultaram resgate
A propagação das chamas foi intensificada pela presença de andaimes de bambu na fachada de algumas torres, que estavam em reforma havia cerca de um ano. Hong Kong é um dos últimos lugares do mundo onde o bambu ainda é amplamente utilizado na construção civil.
No entanto, o governo anunciou em março a decisão de iniciar a eliminação gradual do uso de bambu em obras públicas, exigindo que 50% dos projetos passassem a utilizar estruturas metálicas, citando questões de segurança.
Testemunhas e posts em redes sociais relataram ter visto quadros de andaimes caírem ao chão enquanto bombeiros lutavam para combater o fogo.
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