A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro divulgou, nesta sexta-feira (31), o balanço da Operação Contenção, realizada na última terça-feira (28) nos Complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital. A ação deixou 121 mortos, sendo 117 suspeitos e quatro policiais.
Segundo a Polícia Civil, 78 dos mortos tinham antecedentes criminais e 42 eram foragidos da Justiça. O levantamento foi apresentado durante uma coletiva na Cidade da Polícia.
Estrutura do crime
De acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, os complexos funcionavam como quartéis-generais do Comando Vermelho, a principal facção criminosa do estado.
“As evidências mostram que nessas comunidades eram realizados treinamentos de tiro, táticas de guerrilha e manuseio de armamentos. Dali partiam as ordens para a expansão da facção em outros estados”, afirmou o secretário.
Entre os mortos já identificados, havia criminosos de pelo menos sete estados — Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Paraíba, Goiás e Espírito Santo. A presença de integrantes de fora do Rio reforça, segundo as investigações, o papel estratégico do Complexo da Penha no comando nacional do tráfico.
Entre as lideranças interestaduais mortas na ação estão Russo, apontado como chefe do tráfico em Vitória (ES); Chico Rato, de Manaus (AM); e Mazola, de Feira de Santana (BA).
A operação
A megaoperação contou com 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, que cumpriram 160 mandados de prisão. Foram apreendidos 91 fuzis, 26 pistolas, um revólver e uma tonelada de drogas. Além disso, 113 pessoas foram presas, entre elas 33 de outros estados, e 10 menores de idade foram apreendidos.
Segundo Curi, os criminosos treinados no Rio voltavam aos seus estados de origem para reproduzir a estrutura e o modo de atuação da facção.
Confrontos e repercussão
Os confrontos começaram ainda nas primeiras horas da terça-feira (28). Moradores relataram tiroteios intensos e barricadas incendiadas em diversos acessos das comunidades.
A Serra da Misericórdia concentrou os combates mais violentos. Após os confrontos, dezenas de corpos foram levados por moradores até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, para facilitar o reconhecimento.
Moradores relataram cenas de pânico e destruição. “Eu moro aqui há 58 anos. Nunca vi isso. Vai ser difícil esquecer”, disse uma moradora. Outro comparou o cenário a uma tragédia natural: “A cidade está igual a um tsunami, com corpo em cima de corpo”.
A operação foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, superando as anteriores em número de mortos.
Principal alvo fugiu
Apesar do tamanho da ofensiva, o principal alvo, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, conseguiu escapar. Ele é considerado o maior chefe do Comando Vermelho em liberdade, abaixo apenas de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, ambos presos em presídios federais.
Segundo a polícia, Doca teria usado criminosos como escudo humano para fugir do cerco. O Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à sua captura.
Governo se pronuncia
O governador Cláudio Castro se manifestou nas redes sociais após a divulgação do balanço. “Nosso trabalho é livrar a sociedade do tráfico, da milícia e de todo aquele que prejudica o nosso direito de ir e vir. Continuaremos firmes para devolver o direito de viver em paz à população fluminense”, afirmou.
PortalParaíba






