Duas lições as eleições de 2020 em João Pessoa deixaram para a classe política paraibana: 1) Nilvan Ferreira demonstrou que tem certa força política na Região Metropolitana da Capital; e 2) todos os pré-candidatos querem um segundo turno com ele. A afirmativa, a princípio contraditória, tem explicação simples.
É inegável que Nilvan Ferreira tem consolidado um coeficiente eleitoral importante. Foi para o segundo turno nas eleições municipais de 2020 e tem pontuado bem para a disputa de 2022. A rejeição ao seu nome, porém, é mais pesada que a simpatia acumulada na Grande João Pessoa, resultado da falta de experiência administrativa, desconhecimento da realidade do Estado.
Nos bastidores da política e sobretudo no QG político do atual governador João Azevêdo é consenso: Nilvan Ferreira tem a formula perfeita para ser enfrentado em uma disputa. Foi o que levou Cícero Lucena, um político cansado, com pouca expressividade no mundo contemporâneo, se eleger no segundo turno de 2020. ‘Votar em Cícero é péssimo, mas imaginar Nilvan Ferreira na Prefeitura é catastrófico’, dizia boa parte da população naquele momento.
Voltando no tempo é possível reforçar isso: Ruy Carneiro, político em João Pessoa, não chegou ao segundo turno por pouco mais de 800 votos, diferença ínfima numa eleição de Capital. É unanimidade na classe política que se tivesse chegado lá, no lugar de Nilvan, certamente o chefe do executivo municipal pessoense hoje não seria Cícero.
O ano agora é 2022, a disputa é para o governo. João Azevêdo tenta se reeleger, mas tem acumulado obstáculos para chegar lá, explicados sobretudo em duas narrativas vendidas por sua cúpula política, mas já derrotadas.
A primeira delas dizia que não existiam nomes fortes o suficiente para gerar um segundo turno no Estado. Vencida, já que tudo indica que as eleições deste ano vão para o segundo turno. A segunda narrativa tentava mostrar musculatura e robustez da sua candidatura: tinha o MDB e Veneziano ao seu lado; dois fortes nomes, Aguinaldo e Efraim, disputavam sua benção para o senado. Tudo derretido, já que neste momento Veneziano é oposição, Efraim caminha com Pedro e Aguinaldo parece estar pulando fora deste barco.
Diante da desidratação diária, João precisa de um oponente que seja forte o suficiente para conseguir chegar ao segundo turno, mas fraco e rejeitado o bastante para não passar dali. Pedro tem trajetória política e passado limpo de corrupção; Veneziano tem experiência em gestão e o apoio da esquerda progressista. Características inversamente proporcionais a Nilvan, só firula midiática televisiva, que deve acabar em julho, quando será obrigado pela legislação a se afastar da TV.
O sonho de Nilvan é conseguir chegar ao segundo turno, apoiado com os votos bolsonaristas que, em sua maioria, ainda não chegaram a um consenso sobre a força do apresentador. O sonho de João, por sua vez, é enfrentar Nilvan no segundo turno. Porque sabe que no atual cenário, onde demonstra falta de liderança política, baixo volume de obras entregues pelo estado e crescentes ‘suspeitas de corrupção’ recaindo sobre sua gestão.
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